Turma A

 

 

"Eu sou a Joana e vou tentar fazer o meu retrato, não sei se o sei fazer, gostava mais que fosse alguém a descrever-me.        

Mas uma característica muito minha que chegou até aos dias de hoje é a de ser alta e magra. Hoje já sou mais pequena.

O meu nariz é pequeno e largo mas é engraçado.

Os meus olhos são escuros e grandes, mas hoje já são mais pequenos.

A boca não é pequena, e os lábios eram carnudos, mas isso era noutros tempos…

Os cabelos eram pretos e longos, hoje não são assim, mudaram, são grisalhos, uma mistura de preto e branco, mas também tem a sua beleza. Contam e dizem o que eu já vivi uma vida longa, mas espero continuar ainda neste planeta pelo menos até aos cem anos, pois eu não gostava mesmo nada de perder no jogo com o nosso cineasta Manuel de Oliveira que já é centenário. E desculpem-me este desabafo, mas eu não gosto de perder nem a feijões, e vocês também sabem quem diz esta frase…

Espero estar aqui bem representada fisionomicamente nesta folha, mas já agora para ficarem mais bem elucidados confesso que gostava de me vestir bem, de perfumes e de sapatos altos, e ficava um espanto, mas hoje já não calço os tais sapatos altos…

Sou teimosa, mas de bom coração, por onde passo é só para espalhar o bem.

Mas às vezes dou comigo a pensar … e se eu não fosse gente? o que é que gostaria de ter sido?

Um cabritinho a correr pelos campos fora?

Um grande rio como o Guadiana, que acordou já os outros rios tinham partido, e ele estremunhado correu por vales e montanhas a ver se os apanhava?

Uma cidade? Só seria Lisboa, a mais bonita e cheia de luz.

Um fruto? Só podia mesmo ser uma laranja, que mais parece um globo a representar o mundo.

Uma árvore? Seria um sobreiro com os seus frutos incomparáveis.

E teria um nome mais bonito, Maria, que deu à luz por obra e graça do Espírito Santo."

Joana Mourato

 

 "Chamo-me Maria Beatriz Santos Raposo. Nasci a 24-2-1951. Sou de Setúbal, freguesia de S. Julião. Tenho 1,75 de altura e 75kg de peso. Na adolescência era muito magra, actualmente sou corpulenta, morena, de cabelos e olhos castanhos, rosto comprido e olhar discreto. Gosto de cuidar da minha imagem.

Gosto de me vestir bem e calçar com elegância. Tenho bom carácter, sou simpática, enfim tenho defeitos e virtudes como todo o ser humano.

Comovo-me com muita facilidade, tenho muita pena da pobreza e da miséria.

Se eu fosse um animal? Seria um elefante, porque defendo muito a minha família. Gosto de ir à luta, de enfrentar as dificuldades, não deixo de lutar.

Se eu fosse um rio? Seria o rio Sado. Porque não tem muita poluição e tem golfinhos. É muito bonito e corre ao contrário dos outros Rios.

Se eu fosse uma Cidade! Gostava de ser Lisboa porque é uma cidade muito bonita, tem muita iluminação. Para além disso tem museus, teatros, cinemas, o Castelo de São Jorge, o zoológico, e o nosso belo e maravilhoso Rio Tejo e muitos turistas a visitá-la.

Se eu fosse um fruto? Seria um ananás pois tem muita qualidade, muita vitamina, fibras, e um agradável aroma é muito saudável!

Se eu fosse uma árvore? Gostaria de ser um pinheiro. Porque tem muita utilidade: a madeira, as pinhas, a sua sombra e a resina. É lembrado pelo Natal, enfeitado com as luzinhas e fitinhas, que enchem muitas famílias de alegria, especialmente as crianças.”

 

Maria Beatriz Raposo

 

 "Tenho 54 anos, sou alta e forte, tenho olhos verdes, cabelos castanhos e curtinhos; sou uma pessoa normal, e despretensiosa, visto-me de forma simples. Fui sempre bem comportada, não sou muito feia, tenho pele fina e clara, nunca vou ao cinema nem ao teatro.

Nunca fui muito feliz mas conformo-me com a vida que tenho.

Nunca tive um trabalho razoável, foi sempre trabalho pesado. Agora estou desempregada.

Se eu fosse um animal seria um cão porque é um animal inteligente e amigo do homem.

Se eu fosse um rio seria o rio Tejo porque está a banhar Lisboa. Se eu fosse uma cidade seria Lisboa porque é a capital de Portugal. Se eu fosse um fruto seria uma cereja que é o fruto de que eu mais gosto, e claro, quanto à árvore seria uma cerejeira. Se eu escolhesse o meu nome não seria Maria."

Maria Adília

  

 "O meu nome é António, sou um homem com 1,72 de altura, de olhos castanhos e de cabelo castanho, mas grisalho com uma aparência formosa, com aspecto corpulento e de bigode. Gosto de vestir bem, ter boa apresentação e comer bem.

Sou um homem alegre, divertido, calmo, generoso e também guloso. Gosto de usar calças de fazenda, camisa e sapatos, tenho uma voz grossa, uma cara redonda e gordinha. As minhas mãos também são grandes, calço o nº 42, visto de camisa o nº 48, calças nº 56 e casaco nº 60.

Gosto mais de carne do que peixe. A carne de que gosto mais é de vitela, os peixes de que gosto mais são o cherne, a pescada, o peixe-espada, as sardinhas e o choco. Detesto a mentira e a falsidade, gosto sempre da verdade. Gostava de ser como um passarinho, porque um pássaro não gosta da gaiola, gosta da liberdade."

António Pires

 

 "O meu retrato. Eu sou uma pessoa de estatura média, de algum porte atlético, gosto de andar de cabeça rapada e de brincos nas orelhas. Tenho pele clara, cara encovada, nariz abatatado, olhos castanhos, mãos pequenas e peludas. Gosto de andar vestido com roupa desportiva e de ténis. Não gosto de andar de sapatos, não gosto de fato nem de gravata. Gosto de pessoas bem dispostas, alegres. Sou simpático, amável, tímido, desportista, muito caseiro, feliz e muito apaixonado pela vida. Sou um homem de sorte por ter a família maravilhosa que tenho e uns bons amigos. Mas infelizmente tenho uma doença incurável. Gosto muito de fazer desporto, ouvir música, adoro a culinária portuguesa, comer bem. Sou católico, acredito em Deus mas não vou à igreja. Não acredito nos políticos  porque prometem e não cumprem nada do que prometem."

Carlos Pires

 

Adenda ao meu retrato

 

Carta dirigida aos meus colegas e formadores do curso EFA B2 turma A

Vou começar a falar dos meus colegas. Por quem começo? Já sei, pelas duas senhoras mais maduras da turma. Quem são elas? São a Joana Mourato e a Salete, duas senhoras que eu respeito e admiro muito pela força de vontade que têm de aprender mais alguma coisa. As perguntas que fazem sobre isto ou aquilo, os apontamentos que tiram para não se esquecerem de nada... É de louvar, continuem assim, são umas excelentes colegas. Seguem-se o Vitorino e a Beatriz que são óptimos colegas e amigos. O Vitorino é o que faz rir a turma, apesar da preocupação que tem com a mãe. A idade não perdoa meu amigo. A Beatriz, a colega fadista de quem eu gosto muito, gostava de a ter visto a cantar o fado, mas não faltarão oportunidades. É uma excelente colega, amiga, conversadora e alegre. Beatriz e as longas conversas que temos defronte da sua casa. Falamos, falamos e não damos pelas horas passarem.

Joana Fino e Adília, duas personalidades diferentes, a Joana com o seu olhar triste, cabisbaixo. Colega, por uma vez mais deite os problemas para trás das costas, a vida é bela! Olhe, faça assim: um dia se a vida lhe virar as costas, não hesite, apalpe-lhe o rabo.

A Adília sempre a sorrir, que mulher alegre. Continue assim que vai longe, mas não vá muito longe, porque eu e o resto dos colegas queremos a Adília junto de nós, e a sua alegria também.

César e Cristina. Bem, do César não posso falar muito, porque ainda não conheço bem. Fora isso é um bom colega. A Cristina anda sempre alegre, sorridente, há uma coisa que eu admiro nela, é o amor que tem pelos seus filhos. A maneira como fala deles, deve ser uma excelente mãe, parabéns!

Quem vem lá? O casal maravilha, o João e a Sandra, gosto de os ver juntos. O João atrás da Sandra, a Sandra a ouvir o que ele diz, é engraçado. Mas meus amigos, nesta vida não há só rosas, no meio há sempre um espinho. Cuidado, sejam felizes.

E agora os não menos lembrados. O senhor António e o senhor Manuel. O senhor António, o motorista de ambulâncias. Deve ser um bocado cansativo ver os pacientes que entram na sua ambulância, uns todos partidos, outros com isto, outros com aquilo, deve ser estranho... Mas quem corre por gosto não cansa. Não é verdade? Mas falando do colega em si, sempre atento, o dossier arrumado, sempre pronto para ajudar os outros colegas. É um bom colega e amigo.

O senhor Manuel, calceteiro, excelente colega e companheiro de turma, fala muito com a colega do lado. Pergunta isto, aquilo com vontade de aprender mais e mais, numas disciplinas com mais dificuldade que outras, mas vai lá. Não desista.

Quanto ao senhor José, tive pena que ele tivesse desistido pois com mais atenção ia lá. Mas paciência pode ser que ele volte, é um bom sujeito.

Bom falei de todos, não me esqueci de ninguém.

Agora é que a porca vai torcer o rabo, vou falar dos formadores. Bom, então vamos lá.

Primeiro, peço desculpa aos formadores porque tive de ir ver o vosso nome no horário da escola e mesmo assim fiquei à nora com o nome da formadora de Autonomia, por isso vou chamá-la como eu sempre chamei, não à frente dela, mas junto de um ou dois colegas de turma, a formadora Bonita do Norte, com todo o respeito, só não gosto quando fala das faltas. Há... há... há..., brincadeira, é o seu trabalho. Fora esse promenor, é uma excelente formadora, veja se para o ano está junto de nós todos de novo.

Formadora Dora, que lindo nome, se me permite dizer, também é muito bonita, e tem como eu costumo dizer, as duas belezas: A interior e a exterior, que é raro encontrar pessoas com essas características. Além disso é uma boa formadora, para o ano não deixe os alunos da turma.

Segue-se a formadora Helena Ermitão, uma excelente professora e pessoa. É simpática, bonita e gosto da maneira como ensina os seus alunos, da maneira que lê os versos, as cartas, eu estou a aprender muito com a formadora. É pena os erros que eu dou, não nos deixe.

Formador António, é um bom formador, ensina bem, tem o cuidado de como ensina, mas é pena eu nunca ter gostado desta disciplina, mas pode ser que com o tempo eu passe a gostar.

What is your name teacher? Is your name Maria Cândida? Yes, it is. Bom, falando em português e da formadora, o que eu posso dizer é que temos poucas aulas ainda, mas dá para ver que é uma excelente profissional, alegre, sorridente, bem disposta, sempre na sua e sempre cheia de genica. Contamos com a formadora para o próximo ano.

Bom, segue-se a não menos importante formadora Helena Raposo, que paciência que tem com os seus alunos da turma... Eu acho engraçado quando a professora diz “não sei se choro ou se riu”, mas a vida de formador é mesmo assim. É uma excelente formadora carinhosa com os seus alunos. Também lhe vou pedir para não nos deixar para o ano.

Já estamos habituados aos excelentes formadores que temos, parabéns a todos,  um beijo a todas as colegas e formadoras e um abraço aos colegas e ao formador.

 

PS. Falta uma pessoa, sou eu, mas de mim falam vocês.

Beijos e abraços.

Carlos Pires

 

 

 "Eu sou Maria Joana Caeiro Fino. Nasci em Pavia há 60 Anos. Sou alta, morena, de olhos castanhos e cabelo castanho dourado. Sou simpática, muito comunicativa e facilmente faço amigos. Sou trabalhadora. Já trabalhei no campo quando tinha 12 anos, e na hotelaria. Estive na Suíça e na Inglaterra a trabalhar para dar uma vida melhor aos meus filhos. Tenho dois filhos, uma menina e um menino. Vi-me obrigada a sair do meu pais para poder fazer face às despesas na educação dos meus filhos, porque fiquei só com os dois.

Gosto de Viajar, de ir ao teatro e ao cinema. Fico muito triste quando tenho problemas com os meus filhos e com os meus pais. Gosto de comer bem e de ir às compras, sair com a minha neta e também fazer todas as tarefas da casa."

Maria Joana Fino

 

"Eu sou o João. Sou alto, forte, tenho o cabelo preto, olhos castanhos, sou simpático, bonito e meigo.

Gosto de cinema, de música, adoro chocolates, bolos e gelados, sou louco por carros, motas e aviões.

Se eu fosse um animal seria um cão porque sou meigo. Se eu fosse um rio seria muito grande para ter muito peixe. Se eu fosse uma cidade seria muito grande porque sou generoso. Se eu fosse um fruto seria uma pêra porque sou doce."

João Carlos Gomes

 

 

 "Tenho a pele morena, cabelos pretos e curtos, olhos castanhos, rosto arredondado, estatura baixa, gordinha e bonita.

Sou persistente, solidária com as minhas colegas e amigos, meiga, simpática, e também me considero uma pessoa inteligente, tento ser verdadeira e ponderada. Estou sempre bem-disposta.

Se eu fosse um animal seria uma ovelha para dar lã, para as pessoas ficarem quentinhas.

Se eu fosse um rio seria água para as pessoas tomarem banho.

Se eu fosse uma cidade seria Almada para as pessoas andarem e porque gosto desta terra.

Se eu fosse um fruto seria uma laranja porque te dava um gomo.

Se eu fosse uma árvore seria um castanheiro e dava castanhas. Se eu fosse… se eu fosse…"

 Sandra Carvalhas

 

 

"Tenho 57 anos, sou divorciado, considero-me uma pessoa honesta.

Tenho 1,61 de altura, cabelo grisalho, olhos castanhos, pele clara, rosto magro, nariz comprido, voz rouca, mãos grandes, e calejadas. Considero-me uma pessoa tímida.

A minha religião é católica mas não pratico. Sou pobre mas considero-me uma pessoa feliz.

Casei aos 24 anos e esse casamento gerou uma filha de olhos castanhos.

Acredito em Deus, não acredito muito na política porque desde o 25 de Abril muitos políticos têm feito muito pouco pelo nosso País.

Se fosse um rio gostava de ser um rio grande para alimentar as terras de cultivo.

Se fosse uma cidade seria uma cidade grande para dar habitação às pessoas pobres.

Se fosse um fruto gostava de ser laranja porque tem muita vitamina C.

Se eu fosse uma árvore gostaria de ser um sobreiro para dar muita cortiça, porque se faz muita coisa com a cortiça, por exemplo, artesanato."

Vitorino Severino

 

 

 “O meu “ Retrato”.

 Quando eu era jovem, era magro e bastante traquina.

Agora em adulto estou um pouco forte.

Sou uma pessoa de média estatura.

Sou de  cor negra.

As minhas mãos são pequenas, o meu nariz é achatado.

Os meus olhos são um pouco escuros.

A minha voz é aguda, o meu cabelo é crespo.

A minha boca é normal mas faltam alguns dentes.

As minhas orelhas são normais, nem grandes nem pequenas.

E eu gosto muito da minha família!

Sou muito solidário com os meus amigos e os meus colegas de trabalho.

Também sou muito profissional e cumpridor dos meus deveres.

Detesto mentiras e intrigas entre os colegas de trabalho.

Se eu fosse muito rico ajudava os pobres de todo o mundo.

Se eu fosse a chuva fazia chover em Cabo Verde.”

Manuel Júlia Lopes

 

 

 "Eu sou a Salete, tenho 71 anos e nasci em 1939 com a segunda guerra mundial.

Tenho 1,52 de altura mas agora meço só 1,50 porque tenho uma artrite reumatóide e já perdi massa óssea.

Não sou muito alta e já fui mais magra. Tenho olhos esverdeados e uma pele branca, que não se dá muito bem com o sol.

Se fosse uma árvore, seria uma cerejeira em flor, porque simboliza a minha terra na Beira Baixa.

Não ligo muito à roupa, mas quando compro é mais roupa clássica, e já fiz muita roupa para mim. Considero-me afável, generosa e gosto muito de me manter activa.

Tal como uma andorinha passei parte da minha vida a viajar entre Portugal e a Holanda.

Não gosto de confusões e gosto muito de estar em casa. Gosto muito de ler, fazer muitas coisas em casa e também gosto muito de bordar.

Quando era criança, adorava a chuva, tirava os sapatos e corria pelas valetas cheias de água.

Tive uma adolescência muito feliz, lembro-me com muita saudade….

A coisa que mais detesto é a má-língua, gosto de me dar bem com todas a gente, sou uma pessoa calma e gosto de todas as pessoas, por isso sinto-me uma pessoa feliz.

O prato que mais gosto é cozido à portuguesa"

Salete Filipe

“Chamo-me César. Na adolescência era feliz, tinha amigos.

Sou corpulento, alto, formoso e apresentável. Tenho bom gosto e vivo na realidade. Gosto de roupa desportiva e óculos. Sou simpático e inteligente não sou ruim. Estou casando com a vida que eu levo no dia-a-dia. Tenho quatro filhos que é aquilo que mais adoro na vida. Sou vendedor ambulante. Não faço desporto nem vou ao cinema. Gosto de ir à praia e ter um bom prato de comer. Queria ser um homem rico para viajar, conhecer o mundo e dar tudo o que meus filhos quisessem e poder ajudar a família e as pessoas minhas amigas. Gostava de comprar uma grande herdade e ter mais conforto na vida. Não queria ser pobre. Mas não acredito na política porque esses senhores mentem e não dão esperanças aos povos. Sou crente e creio em Deus e tenho fé naquilo que não vejo mas sinto.”

 César Rosa

 

“O meu nome é José Fernando Vital de Oliveira, tenho 1, 70 de altura olhos castanhos e cabelo preto.

Sou esbelto e gosto de andar bem vestido. Sou alegre e sorridente, também gosto de comer bem: boa carne e bom peixe.

Considero-me um indivíduo normal.

Em miúdo, até aos meus doze anos, tive uma infância maravilhosa. Brinquei e fiz muitos amigos de infância.

 Gosto muito do mar, do campo e da serra. Gostava de subir mais um pouco na vida para ter uma velhice mais despreocupada.”

José Oliveira